Certificado de incapacidade temporária
Publicado no jornal "O Jogo" - 7 novembro. + video (english)
Certificado de incapacidade temporária
Em Munique, o Benfica meteu os papéis para a derrota e tudo correu como previsto. Na ótica de Jorge Jesus, mais vale três pontinhos a voar contra uma equipa extraterrestre do que perder a hipótese de ganhar seis pontos contra equipas deste planeta. Jorge Jesus diz que respira futebol e tem razão: falta-lhe é respirar o resto.
É o Bayern que é quase a seleção da Alemanha. A melhor equipa do mundo. E que obviamente não é o Estoril. Tudo certo. Mas em surdina. Porque cabe ao treinador, para além da tática, fazer aos jogadores acreditar que tudo se alcança. Como fez o Trofense, que vendeu cara a eliminação da Taça de Portugal. O treinador do Benfica é o topo de uma pirâmide que fala também para centenas de jovens dos escalões de formação. Onde se diz que tudo é possível, mas, afinal, há apenas possíveis até um certo ponto. E o Benfica é um clube grande e com identidade: não é normal perder por cinco. Os adeptos ficam cabisbaixos e indignados. Jorge Jesus tem razão quando decide poupar jogadores e pensar nos jogos seguintes. Mas caso se apure e encontre outro tubarão? Vai meter outra baixa?
Marko Grujic
E salta a fúria em nós
Nota: 8
Uribe na corda-bamba para o jogo de Milão, tal como aconteceu com Pepe frente ao Liverpool. Mas houve uma diferença substancial: se, frente aos ingleses, houve um plano “A” chamado Pepe e um plano “B” chamado Fábio Cardoso, em Milão houve dois planos “A”. E tal fez toda a diferença: a estratégia passava por pressionar em zonas altas, impedindo a construção sábia dos médios defensivos. Grujic fez isso e muito mais: foi o pilar desse muro de betão com recuperações, interceções e ainda muito discernimento. Fez uma magnífica assistência para golo e ainda esteve perto de marcar. Na segunda parte algum cansaço fez-se sentir mas nada que manche uma resposta soberba.
Paulinho
Pontapé certeiro na crítica
Nota:6
Falha muito para um avançado e, valha a verdade, bem que precisava de ter uma mira mais afinada. Até aí tudo bem. Mas esta equação faz-se também com o copo meio cheio. Na maior parte das vezes Paulinho contribui de forma decisiva para as oportunidades que desperdiça. Excelente nos pequenos movimentos que tiram os defesas da sua área de ação, é inteligente na forma como articula o seu jogo com o dos seus colegas. Paulinho não marca mas faz crescer o rendimento de Pedro Gonçalves e de Sarabia. Contra o Besiktas voltou a faturar: remate preciso de fora da área e um contributo pleno a nova goleada. E com nota artística elevada.
Meité
Fora de órbita
Nota:3
Pedia-se mais a Meité no jogo frente ao Bayern. Pedia-se uma eficiente ocupação do espaço, impedindo o Bayern de fazer circular a bola com critério e, naturalmente, agigantar-se em consequência dessa circulação. E tudo piorou quando Kimmich apareceu na sua zona de ação, distribuindo o jogo a seu bel-prazer e potenciando o seu último terço. É certo que Meité não é Weigl e não se lhe pode exigir a mesma capacidade de critério ao nível do jogo ofensivo. Mas na Alemanha não conseguiu acrescentar a clarividência defensiva que a equipa necessitava. O jogo foi atípico, mas ainda assim foi uma oportunidade. Meité desperdiçou-a.
O regresso de Renato Sanches
É um regresso de ouro para o último sprint rumo ao mundial do Qatar. Saiu do europeu com o estatuto de indiscutível e pode ser determinante para uma dupla jornada onde tudo se decide. Com uma velocidade e um arranque raros de ver, pode acrescentar cimento e tranquilidade a uma seleção às portas do apuramento. Destaque também para a boa notícia que é o regresso de João Félix. Para os bons há sempre lugar.